Carnaval de favela tem farra feminista, anti-racista e ambiente familiar
Colaborou Júlia Arbex, especial para o blog MULHERIAS
"Não deixe o samba morrer/ Não deixe o samba acabar/ O morro foi feito de samba/ De samba pra gente sambar" (Alcione)
Carnaval no morro, na quebrada, na favela, na comunidade, no subúrbio ou na periferia tem seu próprio charme e identidade. É festejar com vizinhos e colorir, num ato de resistência e até protesto, a rotina de lugares relegados à condição de bairros-dormitório. Longe dos holofotes – e em geral do poder público – esses blocos mostram a necessidade de ocupar as ruas com alegria e, cada vez mais, são oportunidade de lutar contra o machismo, preconceitos e promover a união entre as famílias. Confira os detalhes de três blocos famosos por suas causas na quebrada e outros cinco que também apostam num Carnaval mais inclusivo, diverso e – por que não? –, educativo.
O BLOCO QUE VIROU CENTRO CULTURAL INFANTIL
"Quando criarmos o Bloco do Beco, há 16 anos, a ideia era fazer com que as pessoas que não tinham dinheiro conseguissem aproveitar a festa perto de casa e que todos os moradores, de qualquer idade, participassem", diz Arailda Carlos Aguiar do Vale, a Carla, co-fundadora do bloco que sai do Jardim Ibirapuera e vai até a favela da Erundina, na Zona Sul. "A nossa proposta é alegria e rebeldia para todos."
Em 2008, ela, seu marido Luiz Cláudio, e amigos do bairro – que já tocavam em escolas de samba – perceberam a importância de promover atividades culturais durante o ano todo, especialmente para as crianças que moravam ali. "Criamos o Bloquinho do Brincar, um espaço que fica dentro da favela da Erundina e é voltado para os pequenos de 6 a 12 anos. É um prédio de três andares, com brinquedoteca, biblioteca e um ateliê de artes."
Assista ao mini documentário sobre o Bloco do Beco:
Bloco do Beco – Jardim Ibirapuera/Zona Sul
Quando: 10/02 (sábado)
Onde: Rua Salgueiro do Campo
Horário: 14h
FOLIA SEM ASSÉDIO
Inspirado na Praça da Moça, um dos lugares onde os moradores de Diadema se encontram, um grupo de jovens criou em 2014 um bloco que celebra o universo feminino em Diadema, na Grande São Paulo. "No Bloco da Moça conscientizamos as pessoas sobre o assédio e a irresponsabilidade no carnaval por meio das músicas, que não são machistas e incentivam o respeito durante a festa", conta Lília Reis, que acompanha o bloco desde que foi criado e é integrante e produtora do grupo há dois anos. "Temos o apoio de manas feministas e até de amigos homens que acompanham os cortejos para denunciar qualquer tipo de abuso."
Bloco da Moça – Diadema (Grande São Paulo)
Quando: 09/2 (sábado), 11/2 (domingo) e 13/2 (terça-feira)
Onde: Rua Ida Espagiari Martins (09/2); Sobradinho do Som na Av. Alda (11/2); Rua Baleia (13/2)
Horário: 18h
EMPODERANDO A POPULAÇÃO NEGRA
No Jardim Ângela, na zona sul, o Bloco do Hercu, que é formado por educadores sociais e moradores, coloca o bloco na rua e explorar o espaço público, com crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiência. Além do Carnaval, o coletivo desenvolve ações pontuais de empoderamento, como o Negrolando, evento que acontece em novembro, durante o mês da Consciência Negra. "Fazemos atividades e rodas de conversas com a galera da nossa comunidade que não conhece nossa história. Reforçamos a questão da representatividade e do empoderamento para valorizar a cultura que não chega até nós", diz Carlos Alberto de Souza Junior, o Churras, um dos criadores do bloco.
A primeira vez que desfilaram na comunidade, há seis anos, poucos seguiam o bloco. No ano passado, reuniu mais de 3 mil moradores. "A festa foi grande, sem espaço para briga e confusão e com horário para começar e terminar. Também recebemos ajuda dos comerciantes do bairro, que divulgaram e fizeram até abadá e faixas com o nome do bloco para apoiar a gente."
Bloco do Hercu – Jardim Ângela/Zona Sul
Quando: 11/2 (domingo)
Onde: Rua Ignácio Limas, nº 14
Horário: 15h
OUTROS BLOCOS DA QUEBRADA
Bloco do Jatobá – Itaquera/Zona Leste
Jatobá é um morador da comunidade e amigo querido das pessoas que criaram o bloco. Além da música, bonecos parecidos com os de Olinda vão desfilar pelas ruas da zona leste.
Quando: 04/2 (domingo)
Onde: Rua Giácomo Quirino
Horário: 13h
Cordão Carnavalesco do Congo – Brasilândia/Zona Norte
Todo ano o bloco tem um tema e este ano é o futebol da várzea, esporte que é orgulho do bairro.
Quando: 04/2 (domingo)
Onde: Rua Raulino Galdino da Si
lva, nº 300
Horário: 14h
CarnaBronks – Jardim Paulistano/Zona Norte
O bloco foi criado por moradores da Cohab de Taipas e faz piada com o apelido do bairro, referente ao Bronk's, da periferia de Nova York. Vai ter samba, pagode e axé.
Quando: 04/2 (domingo)
Onde: Rua João Amado Coutinho, nº 1009
Horário: 14h
Bloco Ô Grajaú Vem Tomar No Copo – Grajaú/Zona sul
No quinto ano de festa, o bloco avisa todos que não têm preconceitos são bem-vindos. Não há espaço para nenhum tipo de machismo, racismo, gordofobia e homofobia.
Quando: 10/2 (sábado)
Onde: Galpão Cultural Humbalada
Horário: 15h
Bloco do Heliópolis – Heliópolis/Zona Sul
Com 40 crianças na bateria, o bloco surgiu para diversificar o carnaval em Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo. A festa conta com trio elétrico, que mistura todos os ritmos, desde funk até marchinhas.
Quando: 04/2 (domingo)
Onde: Rua da Mina
Horário: 14h
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