"Gota d'água": Liniker, Eliane Dias e lideranças femininas choram Marielle
A morte de Marielle Franco mobilizou artistas, mulheres das periferias, da política, militantes do movimento negro e formadoras de opinião de diferentes áreas e especialidades. O Mulherias reuniu 16 depoimentos que representam a dor de perder uma companheira, mas também o luto transformado em luta, como Marielle nos ensinou. Clique aqui para ler a reportagem completa
(Colaborou Stéfannie Mota, especial para o Blog MULHERIAS)
"Esse assassinato é a gota d'água. Há três anos eu há havia falado disso: estão colocando o pé no nosso pescoço! A gente não vai mais aguentar ver negros morrerem a cada 23 minutos no Brasil." – Eliane Dias
"Dói muito, arde o coração, a boca fica seca, mas eu não deito, Marielle não deitaria" – Liniker
"Marielle, a sua voz não se calou. Ela ecoará sempre nos ouvidos de quem precisa ouvir os teus gritos de esperança. O céu te aguarda em festa, junto com Mandela e todos aquele que lutaram por nós" – Alcione Marrom
"É das poucas vezes em que me falta a voz. Chocada. Horrorizada… Toda morte me mata um pouco. Dessa forma me mata mais." – Elza Soares
"Sua força servirá como o mais valioso ensinamento: a liberdade não tem medo. A resistência, a luta pelos nossos direitos e a vida do outro, mais do que nunca, farão parte da nossa trajetória." – Paula Lima
"A gente teve a tragédia com Luana Barbosa, mulher negra e lésbica que foi espancada por policiais até a morte, tivemos tantos outros… Mas acho que esse com Marielle está tendo capacidade de mobilização nacional e mostra que estamos vivendo um Estado de Exceção." – Roberta Estrela D'Alva oficial
ROBERTA ESTRELA D'ALVA, atriz, MC, diretora musical, ativista, pesquisadora, apresentadora e slammer brasileira
"Morrem negros, pessoas inocentes todos os dias, mas morte da Marielle é um divisor de águas, pois declara, escancara a nossa impotência frente a todo o racismo estrutural e institucional que nos aprisiona." – Adriana Barbosa
"Ela foi silenciada para sempre e agora mais que entendo por que sou silenciada. A conjuntura política do país nos levou ao declínio, ao abismo, a meio-fio das trevas. Como sempre digo, a luta é contínua, por ela, por mim, por nós, por todas nós."
SHARYLAINE, rapper, compositora, precursora na cena feminina do hip hop, integrante da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop (FNMH2)
"Quiseram calar Marielle, mas até em sua morte ela consegue transformar o nosso luto em luta." – Kenarik Boujikian
KENARIK BOUJIKIAN, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, cofundadora da Associação Juízes para a Democracia
"Para que possamos dar voz ao povo da Maré, à Luyara que ficou sem mãe, à companheira de Marielle que perdeu um grande amor. Somente juntos, indignados, secando as lágrimas uns dos outros e de mãos dadas venceremos. Hackeando o sistema." – Lisiane Lemos
LISIANE LEMOS, ciberativista , integrante da lista da Forbes Under 30, fundadora de uma ONG para ajudar a criar a ponte entre profissionais negros e empresas
"Marielles, Dandaras, Luizas, Marias estão surgindo nas periferias, nos grandes centros, nas regiões longínquas, líderes, guerreiras, que lutam por país mais justo. Marielle sua morte não foi em vão." – Elizabete Leite
ELIZABETE LEITE SCHEIBMAYR, advogada e líder do Comitê de Igualdade Racial do Grupo de Mulheres do Brasil
"Somos lançadas e lançados a diversos questionamentos em diversos âmbitos pela figura que ela inspira: 'de que maneira seguir? De qual maneira prosseguir? Como se manter saudável e vicejar num entorno tão hostil?" – Reimy Solange Chagas
REIMY SOLANGE CHAGAS, psicóloga clínica e social, professora universitária, mestre em Psiquiatria Transcultural pela Universidade Sorbonne e Doutora em Psicologia Social pela PUC-SP
"Marielle não permitia ser interrompida. Isso incomoda, tira as coisas do lugar. Ou melhor: coloca as coisas em seu devido lugar. Como diz Angela Davis, 'quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela'. Foi isso que Marielle fez." – Kenia Maria
"Eu, mulher. Eu, mulher preta de origem periférica. Eu, mulher preta senti no meu corpo a dor dessa morte, senti o frio do medo de quem sabe o que é ser alvo, ser ativista e lutar pelo direito à vida, à existência e ao nosso direito de contar nossas histórias." – Maitê Freitas
MAITÊ FREITAS, jornalista, atriz, mestranda, feminista, negra nascida no Grajaú e colaborada de diversos projetos voltados às mulheres negras e a memória afrobrasileira
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