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Roteiro traz Afropunk, Ben Jor e shows de graça no centro e periferia

Flávia Martinelli

17/11/2019 04h00

O Dia da Consciência Negra é uma enorme conquista do movimento negro e São Paulo inteira traz atividades que prestam homenagem ao povo preto (Foto: Afropunk/Reprodução)

Por Monise Cardoso, especial para o Blog MULHERIAS

Desde 2003, novembro, o mês da Consciência Negra, é celebrado com um calendário de eventos que pautam as discussões dos movimentos negros no país. O feriado oficial acontece no dia 20, data da morte de um dos maiores líderes quilombolas de que se tem notícias, Zumbi dos Palmares.

Uma enorme conquista dos movimentos negros, a efeméride lança holofotes sobre temas que devem fazer parte das nossas conversas durante o ano inteiro, como o combate ao racismo, ao genocídio da população preta e o reconhecimento e celebração da enorme contribuição que os africanos escravizados trouxeram para a cultura e as tradições brasileiras.

Veja também:

Democrática, a programação ocupa espaços por toda a cidade e vai desde rodas de conversas a shows de artistas de renome.

Este ano, a praça da República, região central da capital paulista, receberá Jorge Ben Jor cantando seus sucessos de mais de cinquenta anos de carreira, além das divas Tássia Reis e Drik Barbosa, e do bloco afropercussivo Ilu Inã. Tudo de graça!

Em São Mateus, na região Leste, o rapper Dexter leva as palavras do Oitavo Anjo pro público relembrar a época do 509-E. E na Zona Sul, a festa Crash coloca todo mundo pra mexer a raba ao som de muito dancehall.

E tem muito mais! Bora conferir o roteiro de eventos que o Mulherias preparou.

Erykah Badu no Brasil
A diva norte-americana Erykah Badu, vem ao Brasil pela quarta vez este ano. Com um repertório inovador de neo-soul, R&B e hip hop, Erykah se apresenta no Espaços das Américas no dia 21 de novembro.


Quanto: entre R$130 e R$180
Mais informações: Ticket360

Casa de Cultura São Mateus
Nos dias 16 e 17 de novembro, a Casa de Cultura de São Mateus movimenta o bairro da região leste de São Paulo com shows, feiras e roda de conversa. No dia 16, tem a Feira Afro promovida pelo Coletivo Meninas Mahin com venda de produtos de mulheres empreendedoras negras e oficina de turbantes. Já no dia 17,  o rapper Dexter se apresenta às 17h, abrindo caminho para a diva Negra Li, que canta às 19h e encerra o evento.

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

Preço: gratuito
Mais informações: https://www.facebook.com/events/397056747902654/?active_tab=discussion

Debate: Resistência Negra e encarceramento em Massa

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

No dia 19, Preta Ferreira do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), Jessy Daiane do Levante Popular da Juventude e Bianca Santana, jornalista e escritora, se reúnem no Armazém do Campo, para um debate sobre Resistência Negra e Encarceramento em Massa. O evento é organizado pela Associação de Defesa da Presunção de Inocência.
Quanto: gratuito
Mais informações: https://www.facebook.com/events/511751402740682/

Afronpunk e Feira Preta

 

Nos dias 19 e 20, A Feira Preta se une ao Festival AfroPunk em São Paulo. O evento americano que acontece anualmente no Broklyn, em Paris e na África do Sul. Em 2020, desembarcará no Brasil. Os organizadores confirmaram que a primeira edição será em Salvador. Mas até lá, dá pra sentir o peso do rolê na festa "Black To The Future" que acontece na casa de shows Áudio. No line-up tem: Bayana System, Baco Exu do Blues, Karol Conká, o trio Aya Bass (Xênia França, Luedji Luna e Larissa Luz), entre outros nomes incríveis.
A tradicional feira de produtos da Feira Preta esse ano vai rolar no Memorial da América Latina nos dias 7 e 8 de dezembro, das 12h às 22hs, com show de Linn da Quebrada no sábado e outras  dezenas de atividades com espaços dedicados a diálogos, oficinas, workshops, rodas de conversa, exposições além de brinquedoteca, biblioteca com lançamentos e áreas para cuidados com a saúde, tecnologia e inovação, empreendedorismo e toda a maravilhosidade que os 18 anos de Feira Preta acumulou com a experiência.
Quanto: entre R$40 e R$120
Mais informações: https://afropunk.com/festival/brasil/

Shows na Praça da República

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

No dia 20 de novembro, como já é de costume, a Praça da República recebe grandes artistas durante todo o dia. O show Essênc'yá, do bloco Afirmativo Ilu Inã, com participção da cantora Tássia Reis, abre o palco com uma homenagem às grandes matriarcas negras. Melvin Santhana também participa da apresentação. Drik Barbosa se apresenta em seguida, e junto com os DJs KL Jay e Nyack, canta clássicos dos Racionais MC's. O gigante Jorge Ben Jor encerra as comemorações. E Ana Paula Xongani dá o ar da graça no evento como mestre de cerimônia. Imperdível!
Quanto: grátis
Mais informações: A Vida no Centro

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

Elas na Tela
Nos dias 21 e 28, o Cinepenha, que acontece no Centro Cultural da Penha, região leste de São Paulo, recebe sessões especiais qu homenageam atrizes negras pioneiras e marcantes no cinema nacional. No dia 21, haverá a exibição de "Antonia", filme que mostra a história de cinco amigas da Brasilândia que têm o sonho de cantar. E no dia 28, é a vez do clássico "Estamira", que conta a história de Estamira Gomes de Sousa, uma mulher de 63 anos que trabalha e mora em um aterro sanitário, sofre de distúrbios mentais e carrega um discurso filosófico e poético.
Quanto: gratuito
Mais informações: Centro Cultural da Penha

Crash Party – Capão Redondo
Crash é uma festa promovida por um coletivo LGBTQI+ do Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo. Neste mês, quem colar no evento que rola no dia 23, vai poder dançar muito com o especial Dancehall comandado pelo DJ Red Lion. O evento acontece no Espaço Reggae, e acontece a partir das 22h.
Quanto: R$10
Mais informações: Crash Party

O Empoderamento da Mulher Negra e as  Eleições
No dia 28, a Educafro recebe debate a presença das mulheres negras na política com uma mesa composta pela advogada Silvia Souza, o professor Hélio Santos e as ativistas Keitchelle Lima e Leticia Gabriella. O evento acontece das 18h às 21h na sede da Educafro, que fica na região central.
Quanto: grátis
Mais informações: Centro Cultural da Penha 

16a. Marcha da Consciência Negra

No dia 20, entidades e ativistas da luta antirracista saem as ruas para celebrar a vida de Zumbi. A concentração sai do MASP às 12h com ato cultural e religioso. É o momento para encontrar amigos e compartilhar estratégias que promovem a consciência negra. A caminhada sai por volta das 16hs em direção ao Teatro Municipal. É um evento histórico e grandioso que há 16 anos congrega a militância e pontua as pautas do movimento negro.
Mais informações: Marcha da Consciência Negra

Teatro: Madame Satã
Em curta temporada, de sexta a domingo, a peça "Cartas à Madame Satã Ou Me Desespero Sem Notícias Suas ", da Cia Os Crespos, será apresentada no Centro Cultural São Paulo, localizado na Estação Vergueiro do metrô. Madame Satã foi uma mulher trans que, em sua época, desafiou questões de gênero e raça, pagando um preço alto por isso. A peça vai rolar sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 20h.
Quanto: grátis. Os ingressos serão distribuídos 1 hora antes do espetáculo.
Mais informações: CCSP

Grafite com o Muro PositHIVo

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

No dia 30, o SESC Santana recebe as artistas Micaela Cyrino, Isadora Simões e Mayara Amaral, para, juntas, ilustrarem um mural com técnicas de lambe e grafite. Negras e moradoras da periferia de São Paulo, as artistas irão representar as vivências e as dores que atravessam as mulheres pretas. O público poderá acompanhar o processo de perto.
Quanto: gratuito
Mais informações: Muro PositHIVo

Sobre o autor

Flávia Martinelli é jornalista. Aqui, traz histórias de mulheres das periferias e vai compartilhar reportagens de jornalistas das quebradas que, como ela, sabem que alguns jardins têm mais flores.

Sobre o blog

Esse espaço de irmandade registra as maravilhosidades, os corres e as conquistas das mulheres das quebradas de São Paulo, do Brasil e do mundo. Porque periferia não é um bloco único nem tem a ver com geografia. Pelo contrário. Cada uma têm sua identidade e há quebradas nos centros de qualquer cidade. Periferia é um sentimento, é vivência diária contra a máquina da exclusão. Guerrilha. Resistência e arte. Economia solidária e make feita no busão. É inventar moda, remodelar os moldes, compartilhar saídas e entradas. Vamos reverenciar nossas guardiãs e apresentar as novas pontas de lança. O lacre aqui não é só gíria. Lacrar é batalha de todo dia. Bem-vinda ao MULHERIAS.