Roupas, turbantes e bonecas fortalecem empreendedoras da periferia no Natal
Com reportagem de Fabiana Oliveira, especial para o blog MULHERIAS
A troca de presentes de fim de ano é oportunidade de consumir e fortalecer pequenos negócios tocados por mulheres que empreendem de modo justo, sustentável, solidário e feminista. De roupa a brinquedo, artesanato livro, comidas ou artigos e serviços, há diversas opções de compras para apoiar as empreendedoras da chamada economia solidária. O conceito também deve ser analisado nos eixos da cultura e da política, de acordo com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), e não se trata somente de um outro jeito de trabalhar, mas de estar no mundo a partir dos princípios da solidariedade e reciprocidade na geração de renda.
Na prática, um empreendimento solidário é aquele em que ninguém é chefe um do outro, em que todos os lucros são divididos em partes iguais, que produz respeitando o meio ambiente, valorizando pessoas e os territórios. "Nós por nós", manja? Não por acaso, empreendimentos feministas e de mulheres periféricas estão na base da economia solidária. Uma empreendedora que faz sabonete, por exemplo, busca comprar a matéria-prima do seu produto de outros empreendimentos solidários, formando uma rede de fortalecimento mútuo. Assim funcionam as feiras da economia solidária, conhecidas por muita gente: não tem essa de concorrência, o lance é a inteligência compartilhada. A correria é pelo bem coletivo.
De mulher preta para mulher preta
Duas razões conduziram Marina Faustino, de 36 anos, ao empreendedorismo. A primeira é a econômica: há três anos, ela, que sempre trabalhou como representante de marcas, se viu desempregada, com o desafio de se recolocar no mercado. A outra é o autoconhecimento: por meio da confecção e comercialização de turbantes e outros acessórios com estética afro, Marina se encontrou enquanto como uma mulher preta que quer produzir para que outras mulheres pretas e periféricas também se encontrem.
- Turbantes de Marina a R$ 20: "Minha intenção é que todas as mulheres tenham acesso a essa cultura e a esses produtos, que são nossos mesmo, de mulher preta e periférica para mulheres periféricas também" (Foto: Fabiana Oliveira)
Tudo começou porque Marina percebeu o sucesso dos turbantes que sempre usou. Os elogios que recebia viraram oportunidade de gerar renda. E não se arrepende: "hoje eu faço o que eu gosto, com quem eu gosto e onde eu gosto", comemora.
Marina Faustino Afrorepresentações, no Facebook, @marinafaustino321, no Instagram, e pelo Whatsapp (11) 98177-8959. Ela promete entrega em até dois dias úteis.
Produtos com histórias
Em empreendimentos solidários, é comum encontrar mulheres que deixaram o mercado convencional porque a rotina de trabalho ignorava o fato de que elas são as principais responsáveis pelas tarefas da casa. Outras ficaram desempregadas e precisavam se virar. Há ainda as que fizeram uma opção ideológica. Conheça algumas dessas histórias aproveite as sugestões de compras do Blog Mulheres. Por trás de uma boa compra solidária, sempre existe uma mana em busca de um trabalho mais humano, justo e feminista!
Crescimento profissional, político e pessoal
Eliana de Castro Afonso Zuca, de 51 anos, é apaixonada por bonecas. Ela também produz bolsas, mas conta que o amor pelas bonecas se deve aos sentimentos que elas são capazes de despertar. "As pessoas se identificam com o olhar da boneca, com a história do brinquedo nas suas infâncias." Sua produção é toda artesanal. Eliana faz alguma coisa na costura, com a máquina, mas a maior parte do produto é feito nas mãos, com o maior carinho e cuidado. Ela projeta e elabora cada detalhe dos artigos, mas também aceita encomendas de bonecas pensadas pela clientela. Tem uma foto ou uma lembrança de uma boneca? Pode falar com ela. Os preços variam bastante: há bonecas de R$ 20 a R$ 250.
- Eliana Zuca, uma de suas clientes, e Camila, que é filha e sócia: Artesã desde os 20 anos, o que era um complemento hoje é sua única fonte de renda. Eliana se organiza na Associação das Mulheres na Economia Solidária do Estado de São Paulo (Amesol), fundada em 2013, que oferece formação técnica, feminista e é um espaço de articulação e troca de experiências entre mulheres. De acordo com Eliana, trata-se de um grupo em que uma fortalece a outra. "Cresci como empreendedora e pessoa." Acompanhe as feiras da Amesol no face como @amesolsp e no Insta @amesolfeminista.
- Para comprar da Eliana: pelo Instagram @zuca.artes, no Facebook, Zuca Artes e no zap (11) 97166 9324. As bonecas pequenas saem por R$ 20 e as maiores, de tamanho médio, R$ 60 Ela também expõe no segundo domingo de cada mês, na feira de Paranapiacaba (Avenida Anthonio Olyntho, s/n – Santo André, SP), no segundo ou terceiro sábado do mês, na Feira Feminista e Solidária, no Ponto de Cultura e Economia Solidária do Butantã (Avenida Corifeu de Azevedo Marques, 250). Eliana também pede dois dias úteis para entrega.
- Quimono Maria Schibata de tingimento natural (Registro – SP), sai por R$ 120. Zap: (13) 98176-9580 ou @tingimento_maria_schibata (Instagram)
- Vestidos estampados por R$ 100 na loja Colaborativa Evelyn Daisy, que reúne diversas marcas de manas pretas ou da periferia. Fica na Rua Itapeva, 187, em São Paulo. Ou pelo zap: (11) 96296-9306.
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